NOTÍCIAS DA MORTE
Peço aqui a cada um
Que, por favor, me suporte,
Mas vários amigos mandam
Que eu escreva sobre a morte…
Não sei o porquê da escolha,
Já que não sou literato,
Verso que eu possa compor
Recorda uma flor do mato.
Antigamente julguei
Que a morte fosse a visão
De uma bruxa escaveirada
Com grande foice na mão.
Agora que atravessei
A terra de toda gente,
Posso falar de cadeira
Que ela é muito diferente.
Ninguém escapa na Terra
Às influências da dita.
Ela chega para todos,
Mas pouca gente acredita.
Quando não surge de estalo,
Vem vindo de passo em passo,
Começa por uma dor,
Uma tristeza, um cansaço…
Quando desponta, de início,
Pouco a pouco, ela reclama
Remédio, exame, cuidado,
Silêncio, repouso e cama.
Se o Céu envia uma ordem
De suspender a sentença,
Ela deixa a Medicina
Afugentar a doença.
Mas quando tem carta branca
Para trabalho, a preceito,
Ela carrega a pessoa
Agindo de qualquer jeito.
É um quadro triste de luta…
Muita sente, nessa hora,
Pede apoio e proteção
A Deus e Nossa Senhora…
Uns gritam: “Quero ficar,
Tenho meus filhos pequenos…
Socorro, meu Deus, preciso
De mais tempo, mais ou menos…”
Outros suplicam: “Doutor,
Eu pago o que possa ter,
Tome qualquer providência,
Mas não me deixe morrer…”
Contudo, se o Céu ordena,
De nada a Morte se espanta,
Ciência fica no estudo,
Remédio não adianta.
Então se estira a pessoa
Num sono esquisito e enorme,
lembrando nesse descanso
Uma lagarta que dorme.
Depois, recorda um casulo
Na caixa, em forma de cocho,
E o corpo sem movimento
Tome vela e pano roxo.
Logo em seguida, a pessoa
Acorda e entra em ação,
Copiando a borboleta
Que deixa a casca no chão.
Aí, é que o carro pega:
Se a consciência está boa,
É muito encontro feliz
E muita luz na pessoa…
Mas, se apenas sombra e culpa
É o que a mente em si carrega,
Parece um doente aos gritos,
Brincando de cabra cega,
Aqui termino a conversa.
Nada mais a comentar.
Da morte já disse tudo
O que eu podia falar.
Toda criatura na Terra,
Cada qual por sua vez,
Recebe, depois da morte,
Somente a vida que fez…
Pelo Espírito Leandro Gomes de Barros.
Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
Livro: Assembléia de Luz. Lição nº 22. Página 55.