NOTA IMPORTANTE

Pelo Espírito Irmão X (Humberto de Campos).

Psicografia de Francisco Cândido Xavier.

Livro: Juntos Venceremos. Lição nº 15. Página 44.

 

Joaquim Pires, desencarnado, chegou à fronteira da Esfera Superior com problemas que lhe obstavam a marcha.

Respondia a perguntas diversas, quando o Mensageiro do Mais Alto inquiriu se havia sido ele um cristão autêntico.

Pires gaguejou e passou a justificar-se:

– Que procurei seguir o Cristo, não tenho dúvida. Entretanto, quem poderá dizer que isso é fácil?

Em todos os templos das várias correntes de Cristianismo, surpreendi negações e contradições que me congelaram as esperanças…

Pregadores do Evangelho, de palavra inflamada, terminavam preleções santificantes para se desmandarem, logo após, em rixas deprimentes;

Vi Condutores de fé, ensinando amor e deitando as unhas no próximo;

Discípulos iminentes das lições do Senhor, reportando-se à caridade e mandando prender infelizes crianças que lhes batiam à porta, esmolando comida;

Outros se revelavam eméritos professores de doutrina em tribunas douradas, destruindo lares e ligações respeitáveis;

Outros ainda, enquanto necessitados de trabalho e dinheiro, se mostravam humildes e generosos, mas logo se viam guindados a destaque profissional e finança grossa, mandavam às favas a Seara Evangélica, encerrando-se nas torres de marfim do próprio reconforto…

E ajuntava solene:

– Modelar-me por Jesus!… Ser um apóstolo do Mestre!… Isto foi sempre meu grande sonho, mas não achei exemplo em que me escorasse…

Por todos os lados, apenas encontrei religiosos desertores, mentirosos, velhacos e fracalhões…

O Enviado de Cima, porém, explicou, prestimoso:

– Sim, todos nós, os companheiros de Jesus temos Nele o padrão a mirar e todos prosseguimos na direção do alvo que nos cabe atingir, com acertos e desacertos, elevações e quedas… Uns mais, outros menos…

– É como digo – tornou Joaquim Pires, exaltadamente – em todas as fases de minha existência na Terra, quis, com sinceridade, acompanhar Jesus, no entanto, a malta de sonegadores do Evangelho é comprida demais.

O examinador sorriu, com benevolência, e aduziu:

– Joaquim, nas suas referências, há um pequeno engano que é preciso retificar.

Jesus convidou pioneiros e amigos para a causa redentora a que se empenhava, mas não recomendou, em tempo nenhum, para que alguém os acompanhasse.

E, abrindo o Novo Testamento nas anotações do apóstolo Marcos, assinalou o versículo trinta e quatro do capítulo oito, e falou em voz alta:

– Eis a palavra simples e franca do Senhor, conforme o texto da Boa Nova:

– “Então convocando a multidão e, juntamente os seus discípulos, disse-lhes: se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me.”

Feito isso, rematou:

– Como é fácil de perceber, há muita diferença entre seguir o Cristo e seguir os cristãos, não é mesmo?…

Pires aprovou num gesto mudo e baixou a cabeça, em silêncio, a fim de pensar e repensar…