O Egoísmo

917. Qual o meio de destruir-se o egoísmo?

“De todas as imperfeições humanas, o egoísmo é a mais difícil de desenraizar-se porque deriva da influência da matéria, influência de que o homem, ainda muito próximo de sua origem, não pôde libertar-se e para cujo entretenimento tudo concorre: suas leis, sua organização social, sua educação. O egoísmo se enfraquecerá à proporção que a vida moral for predominante sobre a vida material e, sobretudo, com a compreensão, que o Espiritismo vos faculta, do vosso estado futuro, real e não desfigurado por ficções alegóricas. Quando, bem compreendido, se houver identificado com os costumes e as crenças, o Espiritismo transformará os hábitos, os usos, as relações sociais. O egoísmo assenta na importância da personalidade. Ora, o Espiritismo, bem compreendido, repito, mostra as coisas de tão alto que o sentimento da personalidade desaparece, de certo modo, diante da imensidade. Destruindo essa importância, ou, pelo menos, reduzindo-a às suas legítimas proporções, ele necessariamente combate o egoísmo. (O Livro dos Espíritos)

DESTRUIÇÃO DO EGOÍSMO (Comentário feito por Miramez no livro Filosofia Espírita-Volume XVIII)

 O egoísmo é o centro energético da ignorância, por estar muito ligado à origem material do homem. Isto, de certa forma, tem grande influência na personalidade humana. Como libertar-se das irradiações da matéria, vivendo nela e dentro dela? O homem pode e deve esforçar-se, que é um grande passo, mas, enquanto estiver nesta estância de vida, por lei, respira no seu clima. No entanto, os homens devem transformá-la em paraíso e nele viver em busca da felicidade.

O egoísmo se enfraquecerá no passar dos milênios e tenderá a desaparecer por lei universal, porque, se nascemos pelo amor e para o amor, haveremos de viver bem somente na sua influência divina. O egoísmo assenta-se na personalidade por analogia material, mas não continua por força da lei natural da evolução espiritual. Compete à razão mostrar como proceder diante dos seus efeitos constrangedores.

O choque que as almas sentem com o egoísmo das suas irmãs é que a fazem pensar nas modificações urgentes, e o bem-estar da caridade e do amor nos mostram que é o clima de Deus a crescer no coração humano. Vejamos quando reunimos mais pessoas para trabalhar ou mesmo se divertir: temos de ceder em alguma coisa em favor daquele que se reúne conosco. Por aí notamos que já começamos a combater o egoísmo, ainda que algo inconscientemente.

Jesus ensinou e Mateus anotou, no capítulo dezoito, versículo vinte:

Porque onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles.

Ativando a luz nesse despontar da verdade, a palavra do Mestre se faz ouvir em todas as dimensões da vida, para que as almas entendam e passem a trabalhar no surgimento da luz na sua intimidade. Na verdade, o egoísmo existe, mas ele já vem sendo combatido em todas as frentes. Ele está morrendo, desde quando surgiu Jesus na face da Terra. é demorada a sua extirpação, porém não pára de ser combatido por todos os meios.

Falamos aos espíritas, principalmente, que não esmoreçam nas lutas; que façam a sua parte, mostrando que podem viver sem essa influência. Quando o Mestre disse que conhecendo a verdade poderíamos nos tornar livres, Ele sabia o que estava falando. Todos os dias não vemos o sol saindo no horizonte? Reparemos o sol que está saindo no horizonte da nossa alma e deixemos que ele ilumine toda a nossa vida, e assim viveremos a felicidade de Deus dentro do nosso mundo interno.

O egoísmo é sombra que não suporta a luz. Quando o ser renuncia a qualquer coisa de seu, da sua conquista, em favor dos outros, ele é que está sendo beneficiado. Atrás dessa renúncia, se encontra Jesus, confortando seu coração e alimentando sua vida. As coisas invisíveis são as mais reais. Quem descrer, nos dois aspectos da existência, sofre o medo da perda. O Mestre já dizia que aquele que não vê e crê é mais agraciado pela paz.

O verdadeiro meio de destruir o egoísmo é a renúncia. O desprendimento nos coloca na libertação, onde nasce o amor. Ele é Deus a nos dizer: “Vem, meu filho, passa por Jesus e abraça meu coração em tudo o que tocares”.