Déjà Vu.

Se você se acha estranho, diferente ou com poderes sobrenaturais por ter visto, reconhecido ou previsto, em algum momento, lugares ou acontecimentos que nunca teve contato antes, bem vindo amigo! Junte-se aos dois terços da humanidade que já teve ou terá algum Déjà vu em suas vidas!

A sensação de já ter passado por algum local, vivenciado um acontecimento e ter capacidade até de descrever o que irá se passar segundos ou minutos depois pode parecer estranha para muita gente, mas é mais comum que se imagina. As explicações da ciência não são muito confortadoras, nem colocam um ponto final no assunto. São um esboço do que realmente pode se passar a nível cerebral, mas de longe estão no caminho de encerrar a discussão. Pesquisas indicam, segundo neurocientistas do Instituto de Biociências da USP, que uma falta de sincronia do cérebro explica o fenômeno, ou seja, adquirimos um conhecimento, mas milionésimos de segundos depois é que tomamos consciência do mesmo. No déjà vu, ou Paramnésia, há uma inversão nesse mecanismo e a consciência vem instantaneamente com o conhecimento dando a falsa sensação de já termos vivido aquela situação anteriormente. Fica claro que os casos relatados na literatura onde o sujeito é capaz de descrever com detalhes cômodos da casa, ruas de cidades e até mesmo o que se passará alguns minutos depois ficam de fora dessa explicação racional do fenômeno. Não subestimando a ciência, claro, mas entendemos que essa explicação apenas reflete uma das situações do déjà vu e pode estar indo na direção certa de explicação do fenômeno, tanto que já foi replicada em laboratório. Nisso louvamos a ciência e torcemos pela sua caminhada evolutiva árdua, porém ainda lenta devido ao ceticismo da maioria dos cientistas.

As explicações da psicanálise, que aqui podemos tomá-la, a psicanálise, como um ponto intercessor entre a ciência e as explicações ditas não oficiais, parecem estar mais perto da resolução do problema, mas ainda assim limitadas em suas explanações. Freud teorizou sobre o fenômeno e disse estar relacionado aos desejos inconscientes diurnos e também os noturnos, ou seja, os sonhos. Segundo o neurologista e psicanalista quando um desejo recalcado, por isso inconsciente, é realizado ele pode aparecer na consciência como algo já acontecido anteriormente, pois na verdade já aconteceu, mesmo que a nível psíquico ou nos sonhos daquele que o tornou inconsciente. Desejo beijar uma garota e realizo esse desejo nos meus sonhos, mas torno-os inconscientes por algum motivo. Quando essa garota vem à mim e chegamos perto da realização do meu desejo, posso evocar essa memória inconsciente e terei a sensação daquilo já ter acontecido antes. Fácil, não é! Mas mais uma vez o problema da pré cognição fica fora das explicações, sem falar dos déjà vu que não participam dos desejos inconscientes daqueles que os têm.

O Espiritismo também não tem a pretensão de encerrar o assunto, mas abre um leque de explicações que possuem uma amplidão que melhor caracterizam o fenômeno. É simples, seja por desdobramento, dupla vista, ou até mesmo por um fenômeno mediúnico, quando a mente do encarnado entra em contato com formas-pensamento de desencarnados e sabem anteriormente de alguma situação ou ruas de uma cidade, cômodos de uma casa, etc.., o Espírito, que não fica encerrado no corpo mesmo durante a encarnação, toma contato anterior com aquilo que depois se passará em sua mente como o déjà vu.

O Espírito registra em seu períspirito as experiências que o marcam, emocionam, e ao entrar em contato com algum gatilho emocional, seja um lugar, uma pessoa, uma situação, um cheiro, etc.., essa consciência pode despertar. Por isso, pessoas e lugares já conhecidos anteriormente podem trazer a sensação de já termos tido aquele contato, pois eles efetivamente já aconteceram. Aqui a pré cognição fica um pouco mais na direção de ser explicada, pois uma cidade já visitada antes, por exemplo, seja em outra existência, seja em sonhos ou pela dupla vista, pode ser toda descrita por um Espírito que se encontra nela pela “primeira vez”, sendo ele capaz de “adivinhar” ruas, localidades, lojas que nunca esteve, não naquela ocasião.

Nós espíritas não devemos ter apenas uma ferramenta em mãos, como o martelo, e então enxergar prego em tudo que vemos pela frente. Nem tudo se explica apenas pelas teses espíritas. Devemos analisar cada situação e aprendermos a diferenciar quando se trata de um bug do cérebro, um sonho ou um desejo inconsciente que se realiza e quando efetivamente é o Espírito que toma contato com situações anteriormente vivenciadas, sendo de forma anímica, na maior parte das vezes, ou mediúnica.

No mais, companheiro, quando passar por um déjà vu saboreie a experiência, não perca a sensação buscando explicações racionalizadas, apenas saboreie! As explicações serão subjetivas mesmo, quase nenhum cientista acreditará em você! Internalize a experiência e tire suas próprias conclusões! Se elas forem fortes o bastante para lhe dar indícios de que, em alguma instância, algo de você já passou por aquilo, você intimamente terá a certeza de que sua memória é muito mais que um amontoado de conexões nervosas! Sua memória é milenar e é muito mais ampliada do que você pensa, conscientemente falando!

Thiago Ramos.